domingo, 17 de dezembro de 2017

A Escola 4.0 e o papel dos professores

As quatro Revoluções Industriais
da história da humanidade moderna
e a escola 4.0


 (Hoje, excecionalmente, não abordarei as problemáticas de leitura e escrita, mas um assunto mais global, embora também atual.)

Primeira Revolução Industrial (1.0): ferro e carvão. O comboio e os caminhos de ferro revolucionaram o mundo que se foi industrializando.
Segunda Revolução Industrial (2.0): energia elétrica e petróleo como combustível. A energia e o combustível voltaram a revolucionar o mundo
Terceira Revolução Industrial (3.0): tecnológica. A Internet, principalmente a World Wide Web (WWW), globalizou o mundo. O nosso conceito de distância alterou-se, e a informação passou a ser de todos, está disponível para todos, mas não é acessível ainda a todos. O excesso de informação passou a ser também um problema. E, apesar desta fase se encontrar ainda em desenvolvimento, já aí temos a...

Quarta Revolução Industrial(1) (4.0): conhecimento e comunicação. Conhecimento é mais complexo do que informação. O conhecimento transporta-nos para a competitividade. O conhecimento, apesar de tanta informação, é mais difícil de alcançar porque é construído através de décadas.

Por esta razão é que a Escola tem um papel importantíssimo em toda esta matéria. Se a Escola não acompanhar esta Revolução, fica no caminho. E o que é certo é que, de facto, os programas da escola portuguesa estão a anos luz desta realidade (assim como algumas escolas), o que nos vale ainda são alguns professores/escolas que têm a arte de os transformar em realidades mais próximas da dinâmica social.
A escola não deve nunca ser diabolizada. A diabolização, isto é, o achar-se que está tudo mal, leva à desmotivação e à distanciação dos profissionais que aí fazem muitas vezes das tripas coração para ultrapassar as dificuldades. Mas também não se pode pensar que está tudo bem, que não há problemas (a reflexão devia ser uma prática comum das escolas e dos professores), ou desviá-los para debaixo do tapete. Isto atrasa a evolução e, consequentemente, o bem estar dos profissionais e dos alunos, bem como uma aprendizagem virada para o mundo atual, para o mundo, mas não esquecendo que, como dizia Miguel Torga, “o universal é o local, menos os muros”.
A escola deve ser o local da ousadia cheia de inteligência/conhecimento (escola divergente, que promove a criatividade e competitividade) e das emoções (fator de bem estar), não esquecendo que a comunicação, apesar de ser, juntamente com o conhecimento, a base da quarta Revolução, é um problema tremendo: é que a tecnologia liga-nos ao mundo, mas não comunica e não traz necessariamente conhecimento. Por vezes, o ruído é tanto que a informação passa a desinformação e o conhecimento a banais opiniões. E a escola aqui tem um papel importantíssimo: o de transformar o que parece complicado em simples, objetivo e equilibrado, não deixando nunca de problematizar aquilo que alguns promovem como verdades absolutas (dois e dois nem sempre são quatro), mas para isso tem de ter condições e profissionais bons e diferentes, que também eles tenham e desenvolvam o pensamento divergente.

Felizmente, conheço alguns, até muitos, longe e bem perto de mim, por isso não me parece que o mundo esteja totalmente perdido, porque não faz mesmo sentido que hoje alunos do século XXI tenham professores do século XX com propostas teóricas do século XIX, da Revolução Industrial (José Pacheco).

(1) O termo "Indústria 4.0" teve origem num projeto estratégico de alta tecnologia do governo alemão. Foi usado pela primeira vez em outubro de 2012 por Siegfried Dais e Henning Kagermann, que apresentaram um conjunto de recomendações para implementação da Indústria 4.0 ao Governo Federal Alemão.


Dez 2017